quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Cheiro de Carne

Um pobre mendigo morto de fome andava pela rua com um pedaço de pão, quando passou em frente a um restaurante. Sentindo o delicioso aroma de carne que vinha da cozinha, ele ficou com água na boca. Entrou e foi chegando perto do panelão, de onde saía uma fumaça quentinha e cheirosa. Sem poder se conter, colocou o pão em cima da panela, para aproveitar pelo menos a fumaça. E então comeu o pão, todo feliz.
Mas o mendigo não tinha percebido a presença do dono do restaurante, que disse:
- Você vai ter que pagar pela fumaça.
- Mas, senhor, eu nem toquei na sua carne, nem deixei meu pão cair na sua panela.
 O homem não quis saber de conversa. Levou o mendigo para o tribunal.
Nasrudin, que nessa época era juíz da cidade, escutou a queixa do dono do restaurante. [...]
Quando o dono do restaurante disse que o mendigo teria que pagar a fumaça da carne, Nasrudin pegou um saco de moedas de ouro, sacudiu-o perto da orelha do homem e perguntou:
- O que você está escutando?
- O tilintar das moedas.
- Muito bem - disse Nasrudin - Esse é o seu pagamento. O som das moedas é um ótimo pagamento para o cheiro da carne. Caso encerrado!




MACHADO, Regina. Nasrudin. São Paulo: Cia. das Letrinhas, 2001.


Nenhum comentário:

Postar um comentário